sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

MATE

Dilma - a única mulher que conhecia com esse nome, antes da atual presidenta, era a mãe de meu pai. Sua casa, a única da rua na qual em 1974, na enchente, não entrara água, era branca e de madeira. Sua casa não existe mais. Sua casa, num bairro operário de Tubarão, tinha dois quartos, um galinheiro e um portão pequeno no qual me pendurava. Do portão no fim de tarde via as bicicletas passarem de volta às suas casas. O portão hoje é alto e eletrônico. Na verdade, a casa ainda existe, em minha lembrança. Sua casa tinha cheiro de mate; o cheiro de mate faz existir de novo a casa, em minhas memórias - toda vez que o faço. Não havia ida a Vó Dilma sem o copo de mate, gelado, amargo e cítrico do limão. 
A receita, que veio a Dilma não sei como, passou pra minha mãe e depois pra mim. E nela passei minha adolescência, e minha vida atual, oferecendo mate gelado pra quem chegasse na minha casa. A reação mais comum é a de ódio - deve ser à falta de açúcar em minha cozinha. Outras, mais raras, amam. Mas não conheço uma pessoa sequer, tanto de Tubarão, tanto daqui, que faça o mesmo mate em casa. No geral, não é sabido que pode-se fazer a versão caseira daquela bebida vendidas em cafeterias/supermercados (nesses últimos com muito mais açúcar e conservantes). E é extremamente fácil (e barato, pois rende). Então, passo aqui a receita, pra quem quiser se arriscar, nesses dias quentes:


Mate com limão  

Compre uma caixinha de Matte Leão sem sabor. Custa de 3 a 8 reais, dependendo do tamanho e do mercado, e não, não vem em saquinhos. É a erva solta mesmo. 

Para uma jarra grande, ferva um litro e meio da água. Coloque na jarra* 4 colheres cheias, de sopa, da erva - um pouco mais ou menos se preferir mais ou menos forte, mas essa é a média - e jogue a água quente. Cubra e deixe descansar ali por aproximadamente 15 minutos. Coar é opcional, mas a maioria prefere - se não coado, ele fica mais forte com o tempo -, então se quiser, coe com uma peneira para outra jarra ou recipiente que tiver na cozinha. Adoce como quiser também - coloco 2 colheres de sopa de açúcar porque prefiro amargo; mas para ser algo próximo dos mates comercializados, umas 4. Ponha na geladeira até resfriar. Após, esprema um limão médio (e coe) e adicione ao mate. Pronto. Dura 3/4 dias na geladeira. 
- Mais limão também pode ser colocado, como quiser. Tem gente que guarda na geladeira o puro e só adiciona limão na hora de beber. Prefiro deixar pronto, mas experimente como quiser, afinal, é ridiculamente fácil.
Para a gambiarra do sabor pêssego, inventei em casa o seguinte: adiciono um saquinho de chá de pêssego à água fervente. 

*Jarra de vidro/metal, não plástico, por favor. Plásticos aquecidos liberam substância extremamente perigosas e cancerígenas. Estou com preguiça de pesquisar na internet a respeito, mas ---é sério---. Tente abolir também aquele copinho de plástico para café.

Mate tem cafeína! Então é maravilhoso também para acordar...bem mais prático e refrescante que café. Mas se és resistente a cafeína talvez não tanto, porque é consideravelmente menor em cafeína que café puro. 

O cheiro quando fica pronto é maravilhoso. Esse era o cheiro da casa de Dilma. 

  

Hoje o layout é outro, mas não achei na Internet









Fiquei muito feliz de ir a terras fluminenses e ver que lá também faziam o mate em casa, do mesmo modo. Se gostar, ajude a difundir esse gosto em SC :)


















  
In Memorian




PS.: Esse, ao lado de Dilma, é meu avô, Zedenir - nome que, diferentemente de Dilma continua a ser único para mim. Algum dia logo após de se casarem, em algum tempo ido dos anos 40, em Tubarão. 
PS2.: Vendo essa foto percebi que herdei o gosto em comum pelo batom escuro. Pena que esses dias cheguei na sala de aula e ouvi de uma criança curiosa, 'professora, sua boca está preta, o que houve?' :( 

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Marianne

Para a continuar a tradição desta página, tenho que reclamar da minha própria falta de habilidade de manter postagens em dias e também de minha câmera. Que pifou de vez, e graças à burocracia e a gentileza de alguns neste país, não pode ser trocada e tive de ouvir que 'não é meu problema'. C'est la vie, como dizem.

Entristece-me um pouco pois estou com o hábito de tirar de fotos que não necessariamente sejam belas ou inovadoras, mas do cotidiano aqui, daquela grama que sentei pra escrever num raro dia de Sol, daquele campo que passei quando pedalava, de algo no meio da rua e por aí vai. Essencialmente desinteressantes. Não para postar em meu facebook e esperar curtidas, menos ainda para dar inveja em alguém por esse modo...com certeza meus amigos no Brasil têm muito mais Sol ou coisas mais interessantes (talvez apenas não os deem valor, por vezes). Mas para guardar, mesmo que de forma imperfeita, do que era viver aqui. A razão exata não sei. Pode ter a ver com nossas discussões de historiadores sobre a obsessão humana de relembrar. Ou pode, simplesmente, para balancear já as outras fotos por aí tiradas na frente da Torre Eiffel ou algum dos muitos lugares que por n razões todos querem ter uma foto na frente - mesmo que aquilo, na realidade, não faça sentido algum à pessoa -, já que tudo o que escolhemos fotografar, são bem, escolhas do que queremos um dia lembrar.

Esse devaneio quase historiográfico todo era só pra falar que queria ter fotografado - se tivesse uma câmera - há poucos minutos mesmo a aglomeração de gente na frente do correio - o único do bairro todo, do 'centro' dessa cidade pequena -, para o qual tenho vista da janela da minha casa. E é assim todos os dias, nos minutos que antecedem a abertura da agência, horário que varia todos os dias - algo também normal na França, assim como coisas abrirem no sábado mas não na segunda.
Mas por quê esse movimento nos correios? (enquanto no Brasil, pelo que me lembre, mesmo na maior agência da cidade, nunca esperei mais que 3 min. com a senha, ou em agências pequenas era até raro encontrar outra pessoa, nos meios das tardes como agora aqui)
Porque tudo, absolutamente tudo, tem que ser mandado por cartas. Queria cancelar uma conta num negócio que não funcionou ----porque faltou um documento na carta que mandei---; liguei e mandei e-mail, mas não, precisava de uma carta à mão dizendo que queria cancelar algo que nem tinha iniciado. Para a cidade do lado. Uma garota, no último dia de aula de uma disciplina, só enviou o trabalhinho pra professora via e-mail. Ela disse 'ok, te passo meu endereço e mandas por correio impresso'. Sério. Para começar uma conta no celular precisava enviar cartas. E por aí vai. Após alguns dias a morar aqui passei entender o que era aquela fila na frente de casa...ou porque nunca fiquei menos que 10 minutos numa fila, tanto aqui como em Paris, uma cidade que tem várias agências de correio por bairro.
Não que necessariamente reclame de tudo isso - é um fato da vida aqui que ninguém estranha, do que adiantaria eu reclamar. O ruim é que cartas não são tão baratas assim:  saudades 'carta social' do Brasil, que custa 1 centavo. Aqui nunca paguei menos que 80 centavos numa carta, mesmo pra cidade do lado. 80 centavos de euro=2,50 reais :(   Ou que tudo tenha uma burocracia exagerada - ter um cartão de ônibus demora quase um mês pra vir por correio; em Florianópolis, onde mesmo o transporte público não prestando, sai na hora -, sempre, que me faz até querer parar de reclamar da burocracia brasileira, que parece nada comparado. Tem as partes boas. Até que gosto de ir aos correios, mesmo nas filas, há sempre situações interessantes. E também dos selos, por mais que todos iguais que só mudam a cor: a Marianne, símbolo da República Francesa, com seu barrete frígio. Que está também em moedas, em prédios públicos, em toda a parte...outra discussão muito maior, sobre esses símbolos franceses que estão por tudo - talvez numa próxima quando deixar de ser preguiçosa de escrever aqui.  

Tinha que sair agora mesmo pra resolver burocracias. Mas o compromisso com está página semi-morta acabou de me prender. Vou-me então, após colar algumas Mariannes nas cartas a enviar...




Uma banda francesa que mesmo não tendo nada de tão espetacular que gostei muito após ter ido a um show na universidade. As fotos, a nostalgia, um clipe simpático com esse tema.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

'...eu não sei pra onde a gente vai, andando nesse mundo

Não quis sequer olhar a data do último post para não me dar vergonha. Claro, sei que o blog é meu e posto quando quiser, mas simples seria se fosse apenas isso - tenho boas desculpas: tive internet na residência por uma semana, viajei, meu computador pifou e ficou pifado por semanas até eu ter como pagar o conserto - caro :( -, viajei de novo (não, não ganhei na mega sena; só descobrimos uma 'low cost' de ônibus), comecei um trabalho, fiz alguns trabalhos da faculdade (em francês, é uma desculpa válida), fiquei uns dias de bobeira levemente com preguiça de aqui escrever, até que aqui finalmente estou.

É tanta coisa para falar, depois de páginas e páginas em meus cadernos, centenas de fotos, centenas de milhares de imagens na memória, infinitas experiências, mesmo nesse curto período de tempo. Nem devo me lembrar de tempo, por sinal - tenho 2 meses apenas restantes -; se tivesse meios, consideraria ficar mais outro semestre. Já que não dará, tenho que aproveitar, já com esse aperto de 'logo estou indo embora', em um misto de sensação, 'mas como, acabei de chegar!'. Se um dia morares em outra cidade com um tempo determinado e não muito longo, saberás dessa confusão que falo.
Aproveitando os raros dias de Sol e os últimos mesespara turistagens;
clichês como tirar foto na Torre Eiffel
Escreverei um pouco do dia-dia aqui, nada de especial, mas bom para dar uma atualizada em relação ao post anterior.

Aproveitar, claro, apesar do frio. Chegou novembro e ele já veio com tudo - algo como as máximas de 5ºC, que quando já dá 7ºC acho bem razoável, mínimas perto de 0ºC; com vento, geada de manhã e tudo isso

todos os dias - o que me leva a lembrar que se fosse em nossa região seria notícia do jornal e um congelamento generalizado. Mas aqui a vida continua, todo mundo andando na rua igual. E creio que passo menos frio do que em nosso inverno. Quando o digo a pessoas daqui, ficam surpresas por dois estereótipos a) Acham que todo o Brasil é verão o ano todo b) Devo ter vindo da floresta de verão o ano todo, portanto congelo aqui; o que é conflitante com a outra surpresa de quando digo que nunca vi neve - o que para eles, é como não ter visto a chuva. Vai entender. Mas voltando, porque aqui em todos os lugares, mesmo, há calefação à gas, o que permite ficar confortavelmente nos lugares fechados só com um casaco leve; em casa com roupa quase de verão, ao contrário do cobertor que geralmente tinha que ficar enrolada aí no inverno. E isso faz uma diferença grande, pois por mais que tenhas de sair na rua bem mais gelada, colocas um casaco pesado por cima da roupa, e como em alguns minutos já vais estar em local aquecido de novo, nem se passa tanto frio. Porém, pra ficar na rua por bastante tempo, sente-se frio sim, do estilo de sentir a mão congelando se esquecer as luvas em casa. Neve ainda não veio, mas acho que logo virá.
Em outro raro dia de Sol fui a linda linda cidade de Chartres de bicicleta
No caminho, essas árvores secas, amarelas, no estilo 'winter is coming'
E agora estão ainda mais secas, medo 
Por mais que ame o verão, não me incomode tanto com o calor, não acho tão ruim assim o inverno, como imaginara. O que deprime, de fato, é a ausência de Sol desse lugar, típica do outono e do inverno desses lados da Europa. O horário de verão também já se foi; em dias nublados, ou seja, quase todos, 17h já é o anoitecer.

Tenho frequentado as aulas de francês na universidade, mas penso que muito mais graças à convivência diária, de conversas informais e das pequenas coisas do dia, já falo agora decentemente, a ponto de me entenderem numa conversa. Vitória. Acabei por fazer ótimos amigos, brasileiros e estrangeiros de todos os lugares, o que leva a não praticar tanto assim o idioma, ainda mais que vim a confirmar o estereótipo que franceses são sim difíceis de se aproximar. Óbvio, sem generalizações, tenho alguns bons amigos franceses, mas poucos, e que no geral já conhecia há muito mais tempo. Aqui é uma outra ideia, bem diferente do Brasil por sinal - e não será eu quem julgará pra dizer qual é 'melhor'-, das relações sociais; uma amizade leva tempo a ser construída, mas se o é, é para durar bastante. Por isso não vai se fazer amigos facilmente em uma semana, e também por isso é comum eles andarem em grupos mais fechados, pois já se conhecem há tempos - o que dificulta para quem está aqui há pouco tempo, estrangeiro. Como disse, não julgo, mas são fatores que impedem por vezes maiores socializações aqui com os franceses - mesmo em festas, onde no geral no Brasil sempre se sai com uns 10 amigos novos; e isso é um ponto que é até criticado por estrangeiros em nosso país, nossa 'volatilidade' das relações, quase o oposto daqui; que também não acho nem ruim nem boa. Entretanto, não são todos - dizem que isso é mais acentuado em Paris, e no Sul da França, que não conheço, é diferente -, fiz amigas francesas, algumas de origem de outro país, que costumam reclamar da mesma coisa. Inclusive uma senhora, de origem argelina, que um dia, após presenciar a cena ridícula de eu batendo no ônibus que deveria me levar pro trabalho ***que mesmo assim não parou; por mais que os outros passageiros também tenho visto - o que, ri com minha amiga mais tarde, no Brasil seria uma comoção dentro do ônibus -, e xingando tudo depois, ofereceu-me carona até o lugar que precisava ir, que era mesmo depois de sua casa. Conversando, no carro, foi mais uma francesa de outras origens, que me falou algo similar, mesmo morando aqui a vida toda. Então, quotando alguns amigos, 'não tá fácil pra ninguém...'

Os bons drinks, só que não
uma de nossas soirées na residência  de alguém
Essa mesma senhora, que apesar da gentil carona, esqueceu-me de dizer seu nome, falou de outro aspecto cultural francês da qual não gostava e me identifico: comida. É uma opinião pessoal, ressalvo - um monte de gente acha minha comida muito ruim também, gosto é gosto -, mas acho que a tão falada cozinha francesa não é tudo isso. Por um motivo simples, pra mim que não como carne, e que acho tudo 'muito seco' - tipo o pessoal que vivo vendo na rua, comendo aquele pão francês seco e sem nada, de lanche ou de almoço, sei lá. Para quem ama doces, aqui é ótimo, entretanto, chocolate, biscoitos são bons e relativamente baratos, e nas padarias há dezenas de viennoiseries...porém não sou muito fã de doces, e acho que tem poucas opções - baratas - de coisas salgadas. Em razão disso, minha cozinha - laranja, como minha parede e móveis dessa residência universitária -, continua à indiana, ainda mais que, por morar na frente de uma loja de uma senhora indiana, e por em Paris ter dezenas dessas lojas, aqui é ainda melhor para achar produtos, e por preços muito bons - talvez no fundo esse meu recalque seja porque não tenho dinheiro para coisas chiques; mas prefiro cozinhar em casa mesmo. Indiana, com dendê, feijão (ó mentira que 'não existe no exterior', é bem normal na comida indiana), inhame, mandioca, quiabo e todas essas misturas que faço com base nas 'épiceries du monde', aqui; vários produtos que usamos em nossa cozinha no Brasil aqui são achados como africanos - dendê de Gana, farinha de mandioca de Camarões...o que leva a pensar na interessante história desses contatos e como as comidas rodam o mundo - mandioca é originária do território brasileiro, por exemplo, e aqui é presença em várias cozinhas desse país. Posso ter essa certeza porque essas lojas de 'produtos do mundo', que são muitas mesmo sobretudo no norte de Paris, estão sempre cheias de gente - então será que hoje ainda continua na maioria das casas desse país o 'queijo e pão' franceses tão predominante assim?
Apesar de tudo, queijo, pão e vinho, são comidas também bem baratas aqui, portanto bem 'universitárias', bem presentes em nossas soirées (essa palavra tão chique por fim significa 'ir em grupo na casa do amigo beber e comer coisas baratas e se divertir', não tão diferente do que fazemos)
Mas, dessas misturas do mundo numa só cidade, gostaria de falar em mais detalhes no próximo post...hoje visitar um amigo que conheci na História aí em Floripa e que por um acaso estava morando uns tempinhos aqui também, em Versalhes; hoje fui lá pedalando ***nos jardins do castelo, luxo*** - até meu pneu furar nos mesmos jardins do rei - o que me deixa no momento caindo em cima do teclado.

Prometo voltar em breve para continuar com mais notícias desinteressantes daqui :)



Ao escrever essas palavras, ouvia sem parar a linda Vanessa da Mata e sua linda canção nostálgica/perdida http://www.youtube.com/watch?v=m4i4uGY5aZ8, que conheci ouvindo a 'rádio UDESC' há muitos muitos meses em espera de um ônibus para a Lagoa. Continuo não sabendo 'pra onde a gente vai, andando nesse mundo'...

terça-feira, 24 de setembro de 2013

É pau, é pedra, é o fim do caminho...



Uma bonne nouvelle, ao menos para este blog: a rede pública da wi-fi já foi instalada na residência universitária onde estou! Após quase dias de roubo legalizado de internet pública das bibliotecas ou parques, finalmente o acesso a essa coisa da qual acabamos por tanto depender. Podem me dar um puxão de orelha se me vrem demais online por aí - vim aqui com a intenção de aproveitar tudo ao máximo, e não acho que ficar em casa no computador seja de enorme contribuição.

Entre os boulevards, muita lagarteação no Sol 

Após tantos dias aqui de nuvens e chuva - além de um frio equiparável ao nosso inverno de Florianópolis - aproveitar, para mim, assim como para vários outros franceses, não seria nada mais que sentar à luz do sol. E fazer bom uso dos últimos dias de "calor" nesse ano nessa região da Europa. Não lembro, claro, de 23ºC ser considerado de fato quente em alguma parte do Brasil, mas é o que temos para hoje aqui. Por tal razão, essa postagem estava sendo manuscrito num parque que havia acabado de encontrar próximo da residência, num fim-de-tarde de poucas nuvens no céu, que faz lotar os parques de gente acompanhada de toalhas de pique-nique, crianças ou mesmo só uma canga para se jogar na grama e lagartear por tempo indefinido.

Hoje mesmo (sábado 18) passei por algo parecido - tivemos, todos os estudantes estrangeiros da universidade uma visita guiada à cidade de Versalhes, seguida de um pique-nique nas gramas detrás do humilde castelo. Os imensos jardins, públicos, estavam lotados no sábado de sol, tanto de turistas como de franceses Um outro dia terei de colocar fotos dessa cidade tão bonita aqui, esqueci a câmera na pressa para pegar o ônibus. Ela tem muitas construções dos século XVII e XVIII - nenhuma mais alta, nem a igreja, que o castelo, a mando de Luís XIV. Certamente outro dia voltarei lá, para entrar no castelo (que é gratuito para estudantes, como muitos monumentos e museus aqui) - e não vai ser de dificuldade alguma fazer isso, já que ele e os bosques ao redor são uma das vistas que tenho do trem vindo no sentido de Paris. Se não vejo a Torre Eiffel da janela de casa, como muitos parienses podem, também a tenho da janela do trem. Já me é o suficiente. Talvez  ainda esteja na fase do deslumbramento, mas acho tudo isso muito legal; ou talvez o seja, mesmo.
A torre ao fundo. Não me acontece como em Floripa, como um dia comentou o Roberto 'aqui é tão bonito que nem consigo ler no ônibus. Vejo essa paisagem todos os dias mas continuo preferindo olhar pela janela,', mas continuo achando o máximo andar de trem. 


...é um caco de vidro, é a vida, é o sol 

Setembro, fazendo os cálculos, é como o março pro Hemisfério Sul. O mês do fim doverão, no qual as águas vindas do céu parecem aumentar, como aqui também me pareceu há alguns dias. Como em nosso março, é o mês de início de ano letivo - aquela sensação que temos 'o ano só começa de verdade após o Carnaval'. E também o foi para mim, dando fim a essas minhas longas férias de julho. Tive minha volta às aulas, essas, consideravelmente diferentes de nossas aulas do curso de História no Brasil, em vários pontos que notei até agora. Algumas aulas são em salas estilo auditório, onde nem se cobra a presença, e o professor costuma falar por uma hora e meia sem pausa - e creio que aqui sair pra dar uma voltinha no DAOM (sim, existe uma salinha de estudantes! e movimentos estudantis, claro, a 'Juventude Socialista'

O campus. Estilo moderninho mesmo, como as cidades aqui ao redor, que em grande parte foram planejadas e populadas a partir de 1970 - um visual bem diferente de Versalhes ou do centro de Paris.

acabou de bater na minha porta panfletando até interromper '...desculpe, mas não voto aqui') não seria socialmente aceitável. Na França trata-se as pessoas mais velhas como Senhor e Senhora, geralmente pelo sobrenome, e com os professores não é diferente; aqui as formalidades são bem maiores que no Brasil. Contudo estou até que otimista, saí do Brasil pensando que iria ficar boiando e não compreenderia nada de francês, mas tenho conseguido - na base da apelação, saindo falando com todo mundo errado mesmo, e agora, fazendo as aulas de francês para estrangeiros na universidade. Ainda aproveitando esses fins de verão, resolvi conhecer um local que nem fazia ideia que existia em Paris - até visitar a Cripta de Paris, um museu com ruínas, embaixo da famosa Igreja de Notre-Dame, dos tempos galo-romanos e medievais aqui -, as Arenas de Lutécia. Lutécia era o nome de Paris na Antiguidade, era uma cidade pequena, mas como muitas cidades romanizadas, tinha locais para os banhos públicos e também arenas pra galera ir se divertir com jogos e gente lutando - qualquer semelhança com a atualidade não é mera coincidência. E partes do banho público e da arena, que ficavam mais afastados do centro da cidade antiga, ainda estão aqui; a primeira, junto com a Abadia de Cluny, que hoje é o Museu Nacional da Idade Média, e a outra, virou parque público. Como um outro qualquer, nos quais os franceses das redondezas - fica numa área central e um tanto chique da cidade - e eventuais turistas com câmeras vão curtir o Sol. E jogar bocha, também, como aparece nas fotos abaixo.
Todos os parque e jardins tem plaquinhas como essa na entrada, dando o histórico do local e os horários.


Não resisti e me juntei a essa grama com vista pra arenas...
E desse jeito costumam nascer os posts desse blog...


Onde há 2000 anos sentavam para ver jogos, hoje pode-se ficar de papo pro ar assistindo uma emocionante partida de bocha. 


Adoro andar na rua aqui e me deparar com coisas bonitinhas como essa


Aproximei-me e vi que na verdade era uma fonte (a água é pra beber sim). Dizendo "Água, é um serviço público". 

A saída do metrô ao lado das arenas. 


Vejo o resultado da alteração do layout do blog e penso 'que bom que faço História e não Design'. 

E assim vão meus dias aqui...

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Índia? Não, Paris

Não possuo capacidade para manter este blog em ordem cronólogica dos fatos aqui. Principalmente pela minha falta de acesso a internet - não tenho na minha atual residência, já na França -; estou agora digitando de uma biblioteca, que se diga de passagem, maravilhosa e absurdamente grande, que fica do lado do Museu de Arte Moderna da França, em Paris. Na cidade onde moro, bem pequena, que fica nos subúrbios de Paris (é uma região metropolitana muito grande, tem várias cidades pequenas, uma do lado da outra, ou às vezes separadas por bosques - mas é mais comum simplesmente atravessar um quarteirão e ver que trocou de cidade já), também tem uma bibliotca, "Mídiateca", na verdade, com DVDs, internet e muitos livros à vontade. E são várias assim aqui pelas redondezas, é ótimo mesmo :)

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Domingo passado, dia 1º, retornei à França depois de uma noite no aeroporto de Oslo...descansar para quê quando se está viajando? Fui então a uma celebração hindu, a 12ª Festa do deus Ganesha em Paris, que estava para acontecer na região Norte da cidade, região de significativa população estrangeira.
Não imaginava, porém que era um festival tão grande. Muitas ruas foram fechadas para a procissão e as milhares de pessoas nas ruas circularem, em meio àquele cheiro de Índia, de açafrão, jasmin e incenso queimando...as ruas francesas, combinações de cinza e bege dos prédios, com alguns verdes das árvores, foram coloridas pelas indianas...

(relembro, não espere fotos de qualidade, e estou com pouco tempo para escrever infelizmente)


Uma garota indiana de jeans e jasmins no cabelo (no Sul da Índia as mulheres usam diariamente, e a maioria dos indianos na França são dessa região; falam o idioma Tamil), outra garota de roupas tradicionais tirando foto com o celular do ritual no meio da rua francesa. Esse ritual era feito quando as estátuas de Ganesha da procissão passavam, jogavam açafrão - que é sagrado no Hinduísmo, para purificar - nesses cocos e todo mundo começava a quebrar TODOS os cocos na maior alegria. Água de coco pra tudo que é lado, e pedaços de cocos em todas as ruas, uma diversão só. Coco é uma fruta geralmente oferecida aos deuses, e diz a lenda que Ganesha gosta muito dela. Não sei muito mais desses rituais porque tive pouco contato com indianos do sul. 

óóóóó essas meninas

Caminhão durante a procissão que vendia pratinhos com as oferendas de coco já prontas

Flores nos cabelos das mulheres e também nas portas das lojas...para todos os lados 


As pessoas aparecem de costas porque acho muito cara de pau chegar tirando foto na cara de alguém 



Várias mulheres carregavam os estandartes da procissão





Algumas mulheres dançavam uma dança tradicional hindu que para mim lembra muito o "maculelê", chamada Dandiya

Outras levavam oferendas na cabeça, e fogo, que era alimentado com cubinhos de coco

Uma das imagens do Deus Ganesha que acompanhavam

E as pessoas nas janelas fumando e olhando...

Alguns homens também vestiam roupas tradicionais indianas...apesar de nas fotos acima os homens estarem de calça e camisa social acompanhando suas esposas com todos os apetrechos indianos possíveis 

Ruas do "18éme" de Paris 

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

1 semana de Europa (parte 1)

Depois de alguns pedidos 'por que nao escreves um blog???' (ui que importante!) e auto-constatacoes que perderia muito mais tempo no facebook e no e-mail, resolvi  finalmente escrever, para compartilhar ideias, novidades e experiências desse outro lugar do mundo. Até mesmo porque seria egoísmo guardá-las na memória apenas para mim, após ter recebido essa grande oportunidade e o apoio de muitos. Além de talvez, futuramente, compartilhar mais receitas, como tantas outras e outros também já me pediram, e igualmente acho ótimo fazê-lo por ser tao egoísta guardar só para mim as comidas um tanto ---diferentes--- que costumo fazer, usualmente indianas/vegetarianas. Ignore o design, ao menos, por enquanto, pois nao entendo nada. A grafia sem acentos deve ser também ignorada, por favor, pois nem sempre estou em teclado com todos eles aqui. 

Completei ontem, dia 27, uma semana nessa outra - e nova, para mim - parte do mundo. Saí na segunda, dia 19, pela manha, de Floripa, pra chegar em SP, lá esperar uma tarde toda mosqueando e lendo no aeroporto, para daí passar 12 horas no aviao e chegar no fim da manha de terca em Paris...um tanto cansativo, mas só o fato de chegar ao destino final já compensa :)
O voo estava cheio, tive a sorte de sentar na janela ao lado de um casal que falava espanhol mas lia em grego (igreja ortodoxa?), e de assistir filmes indianos numa mini tv que tem nesses voos...divertido, sobretudo quando lembrava de ter estar viajando sem pagar nada*. Uma sensacao única e similar de alegria ao ganhar ônibus para viagens acadêmicas ou eventos tipo JIUDESC, que faedianos sabem muito bem aproveitar.

No aeroporto, após toda a burocracia de mostrar passaporte etc., onde já pude ver a enorme diversidade de gente de todo o mundo, literalmente, chegando naquele país, encontrei Gabrielle, uma amiga parisiense que conheci durante meu ano na India e que muito felizmente me ajudou carregando malas por estacoes de metro. Ela mesma concorda que nao é fácil ter a amizade de um francês, mas quando a tens, ela é sincera. Espero que sim, ou acho que sim, ao menos, pois logo fui ao apartamento dela no bairro chamado Montmartre, um bairro alto da cidade, com vistas lindas. Demos voltas pela cidade, passamos um pouco de calor - ainda bem, foi ótimo poder andar de havaianas e poucas pecas de roupa após o frio de SC - e no outro dia comprei uma câmera, para as fotos que EM BREVE postarei aqui também**, já que nao tinha e aqui sao razoavelmente mais baratas que no Brasil.
Gabrielle e eu de cabelo de chapinha, maio de 2011. 

Dei umas voltas pela cidade, lotada de turistas, e pude ter mais nocao de como é estar nessa metrópole - tao cosmopolita, que é o que com certeza mais me chama atencao, sobretudo pelo grande número de pessoas de origem de vários países da Asia e Africa, pelas ruas e pelo metrô, alguns com trajes e estilos bem diferentes dos que costumamos ver no Brasil (muito bonitos, na minha opiniao), e também seus respectivos comércios em alguns bairros...acho que vao inclusive muito me ajudar na minha futura residência. Em menos de 2 dias pude ouvir vários idiomas, no entanto, tentei falar francês sempre que possível, para já praticar e para se prevenir, segundo aquele estereótipo que franceses nao gostem que falem inglês com eles.

Na quinta, porém, voltei ao aeroporto, desta vez, rumo à Noruega. Nao, minha bolsa nao é tudo isso, para simplesmente ir para um dos países conhecidos como mais caros do mundo. É que nesse país mora uma garota muuuuito amiga minha, também conhecida na India, de quem senti muita falta, e consegui uma dessas promocoes de passagens realmente em conta (que geralmente nao te permitem despachar bagagem pelo preco barato) que acontecem pela Europa - espero ter mais dessa sorte. Vim entao à cidade dela, Trondheim, na regiao central do país. É uma das maiores do país, mesmo sendo uma cidade menor que, por exemplo, Blumenau. Tanto que quando peguei um ônibus pra ir até a cidade e como nao sabia onde parar, pois nao entendo uma palavra de norueguês - que tem palavras gigantes como alemao - fiquei olhando pela janela no centro da cidade...e lá estava Lisa, essa minha amiga, em uma praca qualquer. Foi realmente ótimo vê-la novamente após tanto tempo e gritar que nem uma louca  na rua. Nao que isso aqui importante tanto: como ela mesma me disse, aqui a individualidade conta muito, e pude perceber facilmente, por exemplo, ao andar na rua e parar pra tirar fotos, ou sentar num banco qualquer sozinha a qualquer hora do dia, ninguém absolutamente me encara ou estranha, ou menos ainda me assedia, como infelizmente estou até acostumada. E pelo que vim a conhecer até entao, esse individualismo nao é extremado, por exemplo, a ponto de serem completamente indiferente ao outro, a meu ver: os noruegueses sao extremamente receptivos e simpáticos, interessados em saber mais sobre o Brasil, e como mesmo soube de três brasileiras que encontrei no fim de semana (uma delas é casada com o irmao do namorado da Lisa, e outra tem uma docaria, o que trouxe para a festa de aniversário desse irmao coisas como pudim e brigadeiro), no geral nao tendem ao preconceito com estrangeiros imigrantes.
Eu e Lisa em alguma dancinha ridícula no Natal de 2010, Índia. 
Essas brasileiras, muito legais também, relataram-me quando comentei de uma aparente ausência de desigualdades socioeconômicas - sério, todo mundo aqui parece viver muito bem, como poucos no Brasil teriam condicoes -, que elas existem, mas em grau muito reduzido, e mesmo o vizinho de uma, alguém extremamente rico, moraria do lado de outro muito mais simples, e nao o trataria diferente por isso. Achei realmente bem interessante. É impossível nao perceber essas diferencas: aqui é extremamente normal sair e deixar a porta destrancada - por dias, inclusive dormir desse modo. Vi muitas bicicletas apoiadas em postes ou bicicletários sem cadeados, e pessoas utilizam computadores e smartphones em locais públicos tranquilamente. Segundo a Lisa, crimes violentos sao quase nulos no país todo, e prisoes tem sido fechadas por falta de gente - e ela até riu, dizendo que prisoes sao melhores que alguns hotéis. Mencionando bicicletas, outra coisa me encantou, e sim, fez-me refletir o quanto é possível melhorar nosso sistema de transporte: aqui elas têm rotas próprias dentro e fora das cidades, ciclofaixas e ciclovias sao muito comuns, e quando elas nao existem, devem andar na calcadas, tomando cuidados com os pedestres claro, que por sua vez já também estao acostumados e se respeitam. E Trondheim, assim como outras cidades aqui, possui um sistema de bicicleta pública na regiao central, na qual um morador por ano paga apenas o equivalente a 30 reais (algo realmente barato para eles) e pode à vontade usar as bicicletas distribuídas em estacoes, para as quais devolve, e pode pegar de novo se depois quiser, ao fim do uso. De qualquer modo, penso que é comum aqui ter a sua própria, como é uma cidade universitária, vi bicicletários a todos os lugares e sempre cheios. Isso sem mencionar os ônibus: muito modernos, avisam o nome de cada próximo ponto pelo qual vai passar, passam em maior parte de 10 em 10 minutos, e custam por ano, para um estudante, algo em torno de 100 reais, com passe  ilimitado. Sim, é só preciso ser estudante e comprar esse cartao que pode-se usar quantas vezes quiser por dia, no ano todo. Nao é o passe livre, ainda, mas chega perto, dado que 100 reais pra eles nao é muito (um salário médio é de 6000 reais, e muitos ganham mais que isso). Uma ideia tao simples, que inclusive me fez mandar e-mail, inútil, claro, pois me ignoraram total, para uma empresa de ônibus de Floripa, a de ter em cada ponto de ônibus a informacao de quais linhas ali passam e quais os horários de cada, foi adotada aqui. Como se nao bastasse, em alguns pontos há inclusive letreiros eletrônicos dizendo em quantos minutos tal ônibus chegará, e isso pode ser acompanhado pela internet. Lisa e seu namorado, Andreas, que moram nessa cidade há pouco tempo em razao de terem se mudado pela universidade, comentaram que nao é tao sofisticado assim em toda a Noruega, mas se espantaram pelo fato de eu ter que pagar por cada passagem em minha cidade. Ou como lá tenho que fazer esforco para ser respeitada por um carro ou um ônibus ao atravessar a rua, pois aqui todos instantaneamente param se há qualquer um tentando fazê-lo, e isso já é tao normal para eles. Nao quero que isso, nem essas comparacoes tenham o ar de ´olha como no Brasil somos mal-educados e ignorantes´, mas como uma possibilidade de pensar na mudanca, às vezes mais fácil do que parece, como colocar placas nos pontos, e como ela pode sim ser possível, e muito positiva, nesse sistema de transporte com prioridade aos carros que nao precisa ser muito inteligente pra perceber que é completamente falho para o presente e o futuro.
Bicicletas públicas



Deixando reflexoes e voltando à vida boa antes de minhas aulas na Franca comecarem, eu, Lisa e Andreas - que há duas semanas iniciaram seus estudos em Antropologia Social e Psicologia, respectivamente, e durante esse tempo tiveram festas de ´calouro´ todos os dias, segundo os costumes universitários altamente etílicos daqui - fomos à sua cidade natal, Alesund, mais ao sul e no litoral norueguês. Passei horas na ida e na volta apreciando pela janela de ônibus as paisagens lindas desse país, que agora no verao é repleta de verde e azul, do céu, das águas e das florestas nas muitas montanhas. Alguns pontos brancos contrastavam - era neve ainda nos picos, que nem no verao completamente derrete, e segundo eles, ali em outubro já comecaria a nevar de novo. No caminho duas vezes atravessamos de balsa, que aqui sao muito comuns, pois tem ilhas em todos os lugares, e por isso, um número ainda maior de pontes.
Pedalando pela cidade toda - algo que nao levou muito tempo
Alesund presenciou um enorme incêndio no século passado, como Lisa me contou, e por isso grande área da cidade teve de ser reconstruída, dando a ela um estilo de casas muito único e bonito. Subimos numa colina para ter uma visao da cidade, que é em si uma ilha, e as outros ilhas e montanhas ao redor. Lá conheci muitos membros da família de Lisa e Andreas, alguns em áreas rurais do município, lugares realmente calmos e bonitos - há muitas casas no que acharíamos um ´meio do nada´. Foram extremamente receptivos, como mencionei, e aqui praticamente todos falam inglês, das mais variadas idades, pois aqui é ensinado com qualidade na escola desde muito cedo - nao notei diferenca no nível do idioma num cobrador de ônibus a um estudante universitário, e todos no geral estao dispostos a ajudar. Como me ocorreu ao andar de bicicleta e tentar, babaca, descer uma escadaria levantando-a. Uma mulher veio e me falou, em inglês, que havia um elevador para bicicletas (muito chique, cada vez me surpreendo com a tecnologia daqui hahaha) logo ao lado, e inclusive ajudou-me a carregar - situacoes similares presenciei no ônibus ou supermercado. Esse último, que por sinal, é consideravelmente caro para mim, tanto que nem tento pensar em reais senao vou ter um treco , mas pela enorme compreensao e gentileza de minha amiga nao tenho que gastar muito - como se já nao fosse ótimo eu já ter um teto nesse país onde hostels ou hotéis seriam caríssimos também. Em troca, além de perturbar seus estudos com conversas intermináveis atualizando fofocas de últimos três anos em meio a conversas intelectualizadas sobre nossas diferencas culturais, tenho cozinhado consideravelmente na casa dela...sobretudo nossos tao favoritos pratos indianos.

Já é noite aqui, e vou parar de abusar da boa vontade de meus anfitrioes. Boa noite, e talvez amanha continue a escrever, se alguém estiver interessado. Vou tentar ser menos cansativa, até uma próxima.
Cidade de Trondheim vista do rio Nidelva


* Corra atrás: http://www.udesc.br/?id=1174 . Sem falar que, se tiveres mais sorte que nós da História, tem o Ciência Sem Fronteiras.
** Estou agora usando o computador da Lisa - nao gosto de andar com meu netbook por aí por achar perigoso, ideia que fez ela rir alto, já que aqui isso seria impensável.




sexta-feira, 5 de julho de 2013

De volta

Finalmente, poderei postar aqui. Nesta primeira semana, supostamente de férias, após tantos muitos pedidos ao longo do semestre, começo com receitas :)

Uma que andaram me pedindo com frequência foi a do bolo de banana integral (vegano)

Para ele (medidas para uma forma pequena a média, nas fotos fiz duas receitas), precisas de:

- 1 xícara de farinha de trigo comum
- 2 xícaras de farinha de trigo integral
- 1 xícara de açúcar branco
- 1 xícara de açúcar mascavo
- 3/4 de xícara de óleo
- Água quente
- 1/2 colher de chá de bicarbonato de sódio
- 1 colher de sobremesa de fermento químico
-  6 bananas (no mínimo - quanto mais, melhor!)

Unte uma forma e pré-aqueça o forno, em um ambiente de preferência fechado. Básico para bolos. Para começar, misture as xícaras de açúcar* em um recipiente com o óleo. Quando bem misturadas, adicione a mistura que uso para substituir ovos em receitas (faça essa etapa antes de começar, ao contrário do que escrevi aqui): amasse bem uma banana, coloque na medida de uma xícara e a complete até a borda com água quente, deixando-a ali por um tempo. Misture bem. Vá então colocando as três xícaras de trigo, mexendo. Adicione então a água (quente, mas não fervendo) aos poucos, até a massa ficar cremosa (aproximadamente 3/4 de xícara, por experiência). Adicione as bananas picadas, ponha o bicarbonato, que deixa a massa mais macia, mexa pouco, para então adicionar o fermento, misturando lentamente. É só jogar na forma e assar por aproximadamente 35 minutos**.


* Pode ser apenas açúcar mascavo, ou branco, na ausência de um deles. Mascavo é mais caro, porém dá um gosto diferente à receita.
** Variável a cada forno. Para ver se a massa já está assada, abra rapidamente o forno e espete um palito. Se sair "limpo", não está mais cru. Um PALITO, nada de faca ou coisas do tipo, pois exatamente isso que faz o bolo diminuir de tamanho na hora - o mesmo acontece se ele pegar muito ar, por abrir a porta demais etc.