terça-feira, 24 de setembro de 2013

É pau, é pedra, é o fim do caminho...



Uma bonne nouvelle, ao menos para este blog: a rede pública da wi-fi já foi instalada na residência universitária onde estou! Após quase dias de roubo legalizado de internet pública das bibliotecas ou parques, finalmente o acesso a essa coisa da qual acabamos por tanto depender. Podem me dar um puxão de orelha se me vrem demais online por aí - vim aqui com a intenção de aproveitar tudo ao máximo, e não acho que ficar em casa no computador seja de enorme contribuição.

Entre os boulevards, muita lagarteação no Sol 

Após tantos dias aqui de nuvens e chuva - além de um frio equiparável ao nosso inverno de Florianópolis - aproveitar, para mim, assim como para vários outros franceses, não seria nada mais que sentar à luz do sol. E fazer bom uso dos últimos dias de "calor" nesse ano nessa região da Europa. Não lembro, claro, de 23ºC ser considerado de fato quente em alguma parte do Brasil, mas é o que temos para hoje aqui. Por tal razão, essa postagem estava sendo manuscrito num parque que havia acabado de encontrar próximo da residência, num fim-de-tarde de poucas nuvens no céu, que faz lotar os parques de gente acompanhada de toalhas de pique-nique, crianças ou mesmo só uma canga para se jogar na grama e lagartear por tempo indefinido.

Hoje mesmo (sábado 18) passei por algo parecido - tivemos, todos os estudantes estrangeiros da universidade uma visita guiada à cidade de Versalhes, seguida de um pique-nique nas gramas detrás do humilde castelo. Os imensos jardins, públicos, estavam lotados no sábado de sol, tanto de turistas como de franceses Um outro dia terei de colocar fotos dessa cidade tão bonita aqui, esqueci a câmera na pressa para pegar o ônibus. Ela tem muitas construções dos século XVII e XVIII - nenhuma mais alta, nem a igreja, que o castelo, a mando de Luís XIV. Certamente outro dia voltarei lá, para entrar no castelo (que é gratuito para estudantes, como muitos monumentos e museus aqui) - e não vai ser de dificuldade alguma fazer isso, já que ele e os bosques ao redor são uma das vistas que tenho do trem vindo no sentido de Paris. Se não vejo a Torre Eiffel da janela de casa, como muitos parienses podem, também a tenho da janela do trem. Já me é o suficiente. Talvez  ainda esteja na fase do deslumbramento, mas acho tudo isso muito legal; ou talvez o seja, mesmo.
A torre ao fundo. Não me acontece como em Floripa, como um dia comentou o Roberto 'aqui é tão bonito que nem consigo ler no ônibus. Vejo essa paisagem todos os dias mas continuo preferindo olhar pela janela,', mas continuo achando o máximo andar de trem. 


...é um caco de vidro, é a vida, é o sol 

Setembro, fazendo os cálculos, é como o março pro Hemisfério Sul. O mês do fim doverão, no qual as águas vindas do céu parecem aumentar, como aqui também me pareceu há alguns dias. Como em nosso março, é o mês de início de ano letivo - aquela sensação que temos 'o ano só começa de verdade após o Carnaval'. E também o foi para mim, dando fim a essas minhas longas férias de julho. Tive minha volta às aulas, essas, consideravelmente diferentes de nossas aulas do curso de História no Brasil, em vários pontos que notei até agora. Algumas aulas são em salas estilo auditório, onde nem se cobra a presença, e o professor costuma falar por uma hora e meia sem pausa - e creio que aqui sair pra dar uma voltinha no DAOM (sim, existe uma salinha de estudantes! e movimentos estudantis, claro, a 'Juventude Socialista'

O campus. Estilo moderninho mesmo, como as cidades aqui ao redor, que em grande parte foram planejadas e populadas a partir de 1970 - um visual bem diferente de Versalhes ou do centro de Paris.

acabou de bater na minha porta panfletando até interromper '...desculpe, mas não voto aqui') não seria socialmente aceitável. Na França trata-se as pessoas mais velhas como Senhor e Senhora, geralmente pelo sobrenome, e com os professores não é diferente; aqui as formalidades são bem maiores que no Brasil. Contudo estou até que otimista, saí do Brasil pensando que iria ficar boiando e não compreenderia nada de francês, mas tenho conseguido - na base da apelação, saindo falando com todo mundo errado mesmo, e agora, fazendo as aulas de francês para estrangeiros na universidade. Ainda aproveitando esses fins de verão, resolvi conhecer um local que nem fazia ideia que existia em Paris - até visitar a Cripta de Paris, um museu com ruínas, embaixo da famosa Igreja de Notre-Dame, dos tempos galo-romanos e medievais aqui -, as Arenas de Lutécia. Lutécia era o nome de Paris na Antiguidade, era uma cidade pequena, mas como muitas cidades romanizadas, tinha locais para os banhos públicos e também arenas pra galera ir se divertir com jogos e gente lutando - qualquer semelhança com a atualidade não é mera coincidência. E partes do banho público e da arena, que ficavam mais afastados do centro da cidade antiga, ainda estão aqui; a primeira, junto com a Abadia de Cluny, que hoje é o Museu Nacional da Idade Média, e a outra, virou parque público. Como um outro qualquer, nos quais os franceses das redondezas - fica numa área central e um tanto chique da cidade - e eventuais turistas com câmeras vão curtir o Sol. E jogar bocha, também, como aparece nas fotos abaixo.
Todos os parque e jardins tem plaquinhas como essa na entrada, dando o histórico do local e os horários.


Não resisti e me juntei a essa grama com vista pra arenas...
E desse jeito costumam nascer os posts desse blog...


Onde há 2000 anos sentavam para ver jogos, hoje pode-se ficar de papo pro ar assistindo uma emocionante partida de bocha. 


Adoro andar na rua aqui e me deparar com coisas bonitinhas como essa


Aproximei-me e vi que na verdade era uma fonte (a água é pra beber sim). Dizendo "Água, é um serviço público". 

A saída do metrô ao lado das arenas. 


Vejo o resultado da alteração do layout do blog e penso 'que bom que faço História e não Design'. 

E assim vão meus dias aqui...

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Índia? Não, Paris

Não possuo capacidade para manter este blog em ordem cronólogica dos fatos aqui. Principalmente pela minha falta de acesso a internet - não tenho na minha atual residência, já na França -; estou agora digitando de uma biblioteca, que se diga de passagem, maravilhosa e absurdamente grande, que fica do lado do Museu de Arte Moderna da França, em Paris. Na cidade onde moro, bem pequena, que fica nos subúrbios de Paris (é uma região metropolitana muito grande, tem várias cidades pequenas, uma do lado da outra, ou às vezes separadas por bosques - mas é mais comum simplesmente atravessar um quarteirão e ver que trocou de cidade já), também tem uma bibliotca, "Mídiateca", na verdade, com DVDs, internet e muitos livros à vontade. E são várias assim aqui pelas redondezas, é ótimo mesmo :)

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Domingo passado, dia 1º, retornei à França depois de uma noite no aeroporto de Oslo...descansar para quê quando se está viajando? Fui então a uma celebração hindu, a 12ª Festa do deus Ganesha em Paris, que estava para acontecer na região Norte da cidade, região de significativa população estrangeira.
Não imaginava, porém que era um festival tão grande. Muitas ruas foram fechadas para a procissão e as milhares de pessoas nas ruas circularem, em meio àquele cheiro de Índia, de açafrão, jasmin e incenso queimando...as ruas francesas, combinações de cinza e bege dos prédios, com alguns verdes das árvores, foram coloridas pelas indianas...

(relembro, não espere fotos de qualidade, e estou com pouco tempo para escrever infelizmente)


Uma garota indiana de jeans e jasmins no cabelo (no Sul da Índia as mulheres usam diariamente, e a maioria dos indianos na França são dessa região; falam o idioma Tamil), outra garota de roupas tradicionais tirando foto com o celular do ritual no meio da rua francesa. Esse ritual era feito quando as estátuas de Ganesha da procissão passavam, jogavam açafrão - que é sagrado no Hinduísmo, para purificar - nesses cocos e todo mundo começava a quebrar TODOS os cocos na maior alegria. Água de coco pra tudo que é lado, e pedaços de cocos em todas as ruas, uma diversão só. Coco é uma fruta geralmente oferecida aos deuses, e diz a lenda que Ganesha gosta muito dela. Não sei muito mais desses rituais porque tive pouco contato com indianos do sul. 

óóóóó essas meninas

Caminhão durante a procissão que vendia pratinhos com as oferendas de coco já prontas

Flores nos cabelos das mulheres e também nas portas das lojas...para todos os lados 


As pessoas aparecem de costas porque acho muito cara de pau chegar tirando foto na cara de alguém 



Várias mulheres carregavam os estandartes da procissão





Algumas mulheres dançavam uma dança tradicional hindu que para mim lembra muito o "maculelê", chamada Dandiya

Outras levavam oferendas na cabeça, e fogo, que era alimentado com cubinhos de coco

Uma das imagens do Deus Ganesha que acompanhavam

E as pessoas nas janelas fumando e olhando...

Alguns homens também vestiam roupas tradicionais indianas...apesar de nas fotos acima os homens estarem de calça e camisa social acompanhando suas esposas com todos os apetrechos indianos possíveis 

Ruas do "18éme" de Paris