É tanta coisa para falar, depois de páginas e páginas em meus cadernos, centenas de fotos, centenas de milhares de imagens na memória, infinitas experiências, mesmo nesse curto período de tempo. Nem devo me lembrar de tempo, por sinal - tenho 2 meses apenas restantes -; se tivesse meios, consideraria ficar mais outro semestre. Já que não dará, tenho que aproveitar, já com esse aperto de 'logo estou indo embora', em um misto de sensação, 'mas como, acabei de chegar!'. Se um dia morares em outra cidade com um tempo determinado e não muito longo, saberás dessa confusão que falo.
Aproveitando os raros dias de Sol e os últimos mesespara turistagens; clichês como tirar foto na Torre Eiffel |
Aproveitar, claro, apesar do frio. Chegou novembro e ele já veio com tudo - algo como as máximas de 5ºC, que quando já dá 7ºC acho bem razoável, mínimas perto de 0ºC; com vento, geada de manhã e tudo isso
todos os dias - o que me leva a lembrar que se fosse em nossa região seria notícia do jornal e um congelamento generalizado. Mas aqui a vida continua, todo mundo andando na rua igual. E creio que passo menos frio do que em nosso inverno. Quando o digo a pessoas daqui, ficam surpresas por dois estereótipos a) Acham que todo o Brasil é verão o ano todo b) Devo ter vindo da floresta de verão o ano todo, portanto congelo aqui; o que é conflitante com a outra surpresa de quando digo que nunca vi neve - o que para eles, é como não ter visto a chuva. Vai entender. Mas voltando, porque aqui em todos os lugares, mesmo, há calefação à gas, o que permite ficar confortavelmente nos lugares fechados só com um casaco leve; em casa com roupa quase de verão, ao contrário do cobertor que geralmente tinha que ficar enrolada aí no inverno. E isso faz uma diferença grande, pois por mais que tenhas de sair na rua bem mais gelada, colocas um casaco pesado por cima da roupa, e como em alguns minutos já vais estar em local aquecido de novo, nem se passa tanto frio. Porém, pra ficar na rua por bastante tempo, sente-se frio sim, do estilo de sentir a mão congelando se esquecer as luvas em casa. Neve ainda não veio, mas acho que logo virá.
Em outro raro dia de Sol fui a linda linda cidade de Chartres de bicicleta No caminho, essas árvores secas, amarelas, no estilo 'winter is coming' E agora estão ainda mais secas, medo |
Tenho frequentado as aulas de francês na universidade, mas penso que muito mais graças à convivência diária, de conversas informais e das pequenas coisas do dia, já falo agora decentemente, a ponto de me entenderem numa conversa. Vitória. Acabei por fazer ótimos amigos, brasileiros e estrangeiros de todos os lugares, o que leva a não praticar tanto assim o idioma, ainda mais que vim a confirmar o estereótipo que franceses são sim difíceis de se aproximar. Óbvio, sem generalizações, tenho alguns bons amigos franceses, mas poucos, e que no geral já conhecia há muito mais tempo. Aqui é uma outra ideia, bem diferente do Brasil por sinal - e não será eu quem julgará pra dizer qual é 'melhor'-, das relações sociais; uma amizade leva tempo a ser construída, mas se o é, é para durar bastante. Por isso não vai se fazer amigos facilmente em uma semana, e também por isso é comum eles andarem em grupos mais fechados, pois já se conhecem há tempos - o que dificulta para quem está aqui há pouco tempo, estrangeiro. Como disse, não julgo, mas são fatores que impedem por vezes maiores socializações aqui com os franceses - mesmo em festas, onde no geral no Brasil sempre se sai com uns 10 amigos novos; e isso é um ponto que é até criticado por estrangeiros em nosso país, nossa 'volatilidade' das relações, quase o oposto daqui; que também não acho nem ruim nem boa. Entretanto, não são todos - dizem que isso é mais acentuado em Paris, e no Sul da França, que não conheço, é diferente -, fiz amigas francesas, algumas de origem de outro país, que costumam reclamar da mesma coisa. Inclusive uma senhora, de origem argelina, que um dia, após presenciar a cena ridícula de eu batendo no ônibus que deveria me levar pro trabalho ***que mesmo assim não parou; por mais que os outros passageiros também tenho visto - o que, ri com minha amiga mais tarde, no Brasil seria uma comoção dentro do ônibus -, e xingando tudo depois, ofereceu-me carona até o lugar que precisava ir, que era mesmo depois de sua casa. Conversando, no carro, foi mais uma francesa de outras origens, que me falou algo similar, mesmo morando aqui a vida toda. Então, quotando alguns amigos, 'não tá fácil pra ninguém...'
Os bons drinks, só que não uma de nossas soirées na residência de alguém |
Apesar de tudo, queijo, pão e vinho, são comidas também bem baratas aqui, portanto bem 'universitárias', bem presentes em nossas soirées (essa palavra tão chique por fim significa 'ir em grupo na casa do amigo beber e comer coisas baratas e se divertir', não tão diferente do que fazemos)
Mas, dessas misturas do mundo numa só cidade, gostaria de falar em mais detalhes no próximo post...hoje visitar um amigo que conheci na História aí em Floripa e que por um acaso estava morando uns tempinhos aqui também, em Versalhes; hoje fui lá pedalando ***nos jardins do castelo, luxo*** - até meu pneu furar nos mesmos jardins do rei - o que me deixa no momento caindo em cima do teclado.
Prometo voltar em breve para continuar com mais notícias desinteressantes daqui :)
Ao escrever essas palavras, ouvia sem parar a linda Vanessa da Mata e sua linda canção nostálgica/perdida http://www.youtube.com/watch?v=m4i4uGY5aZ8, que conheci ouvindo a 'rádio UDESC' há muitos muitos meses em espera de um ônibus para a Lagoa. Continuo não sabendo 'pra onde a gente vai, andando nesse mundo'...